Apresentação

A criação do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena na UFES atende a uma reivindicação de longa data dos povos Tupinikim e Guarani que vivem em suas terras no município de abrangência de Aracruz, no litoral norte do Espírito Santo, por formação e titulação, em nível superior, de seu quadro de professores, garantindo o reconhecimento de seus direitos diferenciados, a valorização de seus saberes e práticas e sua qualificação como educadores e sujeitos políticos.

O curso pretende propiciar o diálogo entre saberes indígenas e não indígenas, fornecer instrumentos para valorização dos conhecimentos e valores de cada povo, e para o fortalecimento e revitalização das línguas indígenas. Prezando pela relação aluno/família/comunidade/professor, o curso visa a formação de professores como interlocutores/articuladores do saber comunitário, comprometidos com uma educação diferenciada, bilíngue e intercultural alinhada com os anseios político-pedagógicos dos seus povos.

Desde meados de 2010, quando a proposta de criação do curso foi contemplada pelo Programa de Formação Superior e Licenciaturas Indígenas (PROLIND), vinculado à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI), ligada ao Ministério da Educação (MEC), um grupo de trabalho composto paritariamente por indígenas e não indígenas, através de reuniões periódicas e a realização de três seminários nas aldeias, teve, como tarefa, reunir e sistematizar informações, sugestões e expectativas das comunidades interessadas com relação à formação superior e, em particular, à construção de um programa de licenciatura indígena intercultural na UFES.

Diante do amplo debate realizado com os povos Tupinikim e Guarani, em 2015 foi dado início ao curso de licenciatura intercultural indígena, com entrada única destinadas a professores de educação básica que estavam atuando nas escolas Indígenas das aldeias. Essa primeira turma formou exitosamente, em 2022, 51 professores indígenas Tupinikim e Guarani. Foi o primeiro curso a formar exclusivamente indígenas em nível superior nesta Universidade.

Como reconhecimento de seu papel estratégico no âmbito da UFES, e com o aval, apoio e consonância com os projetos de vida das comunidades e lideranças Tupiniquim e Guarani, em julho de 2022, a UFES assumiu institucionalmente junto ao Ministério da Educação, o compromisso de prosseguir com a oferta do curso por meio de uma segunda turma. Em maio de 2024, o Processo Seletivo do PROLIND/UFES em sua segunda turma recebeu 93 inscrições. Em outubro de 2024, 30 novos cursistas indígenas dos povos Tupinikim, Guarani, Baniwa, Terena e Pataxó, iniciaram sua jornada na UFES, dando continuidade a uma das principais políticas de ações afirmativas no âmbito nesta Universidade voltada a povos originários, por meio da qual garante-se as condições para a formação intercultural de Professores Indígenas.

 

Formação e atuação:

O curso habilita o docente para o Ensino Fundamental e Médio, em uma das três Habilitações Plenas, a saber:

Habilitação 01: Ciências Sociais e Humanidades;

Habilitação 02: Artes, Linguagens e Comunicação.

Habilitação 03: Ciências da Natureza e Matemática.

 

O curso possui um Núcleo Comum Intercultural e Interdisciplinar, que possibilita ao docente uma formação diversificada, tendo como tempo mínimo de integralização 05 (cinco) anos e o tempo máximo de 07 (sete) anos. A organização específica curricular é adotada em formato de Regime de Alternância entre Tempo-Universidade e Tempo-Comunidade, entendendo-se por Tempo-Universidade os períodos intensivos de formação presencial no campus universitário (majoritária no campus Goiabeiras) e, por Tempo-Comunidade, os períodos intensivos de formação presencial nas comunidades indígenas, com a realização de práticas de pesquisa e pedagógicas orientadas.

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